segunda-feira, 26 de maio de 2008

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Maputo à vista
(comandante TAP, Paulo Esteves)


Nascer do sol na Suazilândia


Pescador na marginal de Maputo

Hortêncio Langa ao vivo no Café-bar Gil Vicente


A minha foto favorita


Duas das seis leoas que vi no Parque da Gorongosa

De piroga, a ver o pôr-do-sol mais bonito que já vi

na Gorongosa

Olha o Tarzan lá ao fundo...
Beira

Vinhos, província de Sofala.

Bazaruto

Rei leão no Kruger Park


Um mimo...

terça-feira, 13 de maio de 2008

E pronto. É o fim da viagem. Muita coisa ficou por contar, desde aviões à espera enquanto via as modinhas na esplanada de Vilanculos, do amigo Xavier que fiz no aeroporto de Maputo e amanhã vou surpreender com uma bola de futebol, os sorrisos das criancas de Vinho, os bons dias desta gente, o quarto com pulgas e mais alguma bicharada não identificada na Beira, a dança tribal na Suazilândia, o concerto no bar-café Gil Vicente, o Joaquim, taxista que me levou a conhecer as zonas problemáticas de Maputo (sim, putas!) e o maior mercado da cidade, Xipamanine, onde a D. Olívia ensinou a pentear a carapinha que comprei, o inesquecível pôr-do-sol na Gorongosa e em Bazaruto, a porta do comandante do pequeno avião que me levou de Vilanculos para Maputo teimava em não fechar durante o voo, a massagem no SPA, as distraccões da Daniela, o aperto no coracão que senti depois de andarmos pelo jardim na avenida Samora Machel e contarem que não há quem escape a um assalto (nós escapámos, calma mãe...), as ratazanas que vi no restaurante da Feira Popular onde jantei um belo puré de caju e caril de gambas acompanhado do arroz de côco. E claro não podia faltar uma mise à moçambicana no cabeleireiro Cupido (pela força da escova, suspeito que tenha sido a primeira branca que a cabeleireira penteou... Xiii)

Prometo contar mais quando regressar.

sábado, 10 de maio de 2008

Dia 5

Como qualquer turista, saquei da máquina para fazer a foto da praxe no aeroporto de Maputo. Era mais uma viagem. Desta vez, a caminho da Beira. Uma senhora bem parecida apressa-se a alertar para o risco de ficar sem máquina e até de ser detida devido à ausência de autorizacão para fotografar aquele espaco público. Na espera, uma ida ao pequeno bar surge uma simpática conversa com a mesma senhora, que me impede de beber a água contaminada: ¨Cá não há controlo de qualidade, essa empresa já foi fechada, mas voltou a abrir, mandam uma amostra de outra água e é assim que conseguem continuar o negócio. A melhor é a Vumba¨. E foi assim que começou uma simpática amizade. Chama-se Maria do Rosário, é directora das Financas e decidiu ser a nossa mãe durante a curta passagem pela Beira. Ofereceu alojamento, alimentacão, carinho e uma viagem com o motorista particular, sr. Mário, pela cidade. Um gesto inesquecível, só possível em Mocambique.

Dia 6

Cinco minutos depois da hora combinada, oito, o guarda da casa de Maria do Rosário chama por nós. À espera, o sr. Francisco. De poucas palavras, mas com um sorriso generoso, leva-nos até ao Parque da Gorongosa. Aqui, sente-se a verdadeira África. O cheiro da terra vermelha, que a minha amiga Inês tanto falou, posso agora sentir. O calor, a gente. Isto é África. Finalmente. ¨Isto não é uma visita ao Zoo, não sabemos quando e se vamos ver algum animal¨. Uma frase típica que os guias repetem sempre que iniciam um safari. Macadona não foi excepcão. Logo à entrada um bando de macacos faz as delícias da Daniela. Confesso, as minhas também. De cara simpática, os pequenos animais surpreendem-nos com acrobacias no topo das árvores. O grande lago, recheado de crocodilos e aves de diversas espécies, tornam o percurso até à casa dos leões inesquecível. Até aqui nada de felinos, só impalas, fugaceiros, butterwater, macacos e mais macacos. Já em plena conversa de despedida e com desilusão estampada no rosto, eis que surge o inesperado: o olhar assustado da Daniela leva-me a olhar para fora do carro, a cerca de dois metros do meu lado, duas leoas enormes paralisadas a olhar para nós. O Macadona avisou, eu sabia, mas não consegui evitar o pulo que dei para afastar-me delas... Dois metros malta, é pouco... Simba, o outro guia, ainda lancou um olhar de reprovacão. Enfim, é muita emocão. Nada de fotos, nada de filmagens. Fica na memória.

Dia 7
Depois de uma noite marcada pela presença de uma aranha gigante no quarto (sim, gigante, daquelas pretas com patas grandes) e pelo medo de mais algum animal aparecer no chalé que ficava situado atrás da árvore onde há poucos meses duas leoas atreveram-se a entrar devido à falta de vedacão, problema agora resolvido, dizem eles, o despertador toca para mais um dia na selva. Mais um safari. Desta vez, com a única guia mulher no parque. Nilza, vinte e poucos anos, filha de famílias ricas que abdicou da fortuna para dedicar-se aos animais. Esta é uma das muitas histórias deste povo. Já no regresso ao dormitório, decido fazer uma pequena entrevista ao tenente-coronel Bernardo, representante do Governo no Parque da Gorongosa, e eis que entre uma e outra pergunta avisto um leão. Ou seria um tronco? ¨É leão! É leão!¨, confirma Daniela. Pois não era um leão... Seis leoas!

Gorongosa, 11h, 40 graus à sombra. No centro clínico, o pequeno Mário e a mãe, Albertina, que não sabe ao certo a idade: ¨Uns vinte, não sei...¨ Os dois recebem ordem do enfermeiro para avançar com o internamento. Nielson segrega-me enquanto mostra as instalacões: ¨É sida, de certeza, a mãe tem, não fez o despiste e contagiou o filho na gravidez¨. Sem precisar de recorrer a análise de sangue, ele sabe bem quais os sintomas. Só de olhar. Arrepia. Uma realidade combatida pelo passeio de piroga que tive de fazer num rio onde os crocodilos abundam e há dez dias uma senhora e uma crianca foram mortos por um enquanto tomavam banho. Pois que não tomei banho, é verdade, mas atravessei uma zona minada a pé... Só eu sei o que senti, um medo tão grande, combatido com as gargalhadas nervosas que o grupo dava para animar a jovem da Suiça que já não controlava as lágrimas que saltavam dos olhos azuis.
À espera, na palhota, o chefe da aldeia, que nem sabe ao certo o número de filhos que tem: ¨Uns vinte, vinte e dois ou quatro¨. Mas lembra-se bem do som do tiro que a FRELIMO e a RENAMO atiraram, em 76, e o obrigou a adandonar o sítio onde cresceu, o Parque da Gorongosa. Agora está de volta e vê com satisfacão os turistas que por lá passam para o conhecer e trocar algumas palavras num português trapalhão, salvo pelos gestos e pelos guias que conhecem o dialecto local, sena e chi-gorongosa.
Em Vinho, a aldeia piloto, que a fundacão do americano Greg Carr criou, no âmbito da recuperacão do Gorongosa Park, está a escola. Velhos e novos aprendem juntos, penas com uma parede a dividir. A turma do 3. ano recebe-nos com um caloroso hino, que Luís, o pequeno director de turma, dá ordem para cantar. De repente, as atencões voltam-se para os brancos que surgem do nada. A máquina fotográfica digital faz as delícias da pequenada, que se coloca em pose para ser fotografado só pelo prazer, misturado com a vergonha que sentem, ao ver-se no pequeno ecrã.
Aqui dá vontade de ficar e ajudá-los a crescer. E crescer com eles. Juntos. Aqui, ainda há pais que vão de madrugada para a selva colocar armadilhas para ter o que comer no dia seguinte. Não trabalham, não têm dinheiro e tornam-se caçadores furtivos. Matam animais selvagens, como leões, impalas, veados. Matam para comer.

Dia 8

Regresso à Beira na boleia de Vasco, o porta-voz do Parque da Gorongosa, um executivo que depois dos atentados do 11 de Setembro mudou radicalmente de vida. Encaixotou as gravatas, os fatos, os livros e os cd's e partiu para África como voluntário. Está cá há cinco anos e os caixotes continuam fechados e encostados numa parede da casa onde vive com a mulher e a pequena Amélia de dois anos.

O sr. Mário, o motorista da Maria do Rosário, tem ordens para não nos largar de vista. ¨É preciso atencão, quando menos se espera, eles roubam¨, alertou Rosário, consciente do exagero das palavras. Numa volta pela cidade, na companhia de Nicole, a filha de Rosário, o Sr. Mário conduz calmamente e passa pelos locais mais emblemáticos da cidade enquanto garante que ¨não há muitos roubos¨.


Dias 9, 10 e 11


Três e meia da manhã de pé. Uma viagem de seis horas até Vilanculos, onde tinha voo para Bazaruto. Primeiro problema: não existem taxis no local onde o autocarro Pantera Azul me deixa. Resta-me o chapa. Um simpático mocambicano decide oferecer boleia na sua 4x4. Segundo problema: lugar só para uma. Vamos as duas à boleia na parte de trás da carrinha de caixa aberta. Uma chegada comum ao aeroporto, não fosse eu para um hotel de luxo na ilha... À espera, os dois pilotos da avioneta que faz o transfer para o paraíso. A vista da pequena janela do avião deixa-me sem folêgo. Uma mistura de turqueza com verde tornam as águas transparentes que deixam ver os corais numa paisagem inesquecível. É o paraíso. Biquini aqui estou eu. Em três dias de praia, posso já adiantar que a minha cor, de branca não tem nada...


Entre um mergulho e outro no Indico, faço o ponto de situação:

Dia 3


Cinco da matina, toca a acordar. Safari time!
Uma viagem de duas hora até 'África do Sul. Acabada de chegar, no hotel, o hipópotamo dá as boas vindas do rio dos Crocodilos mesmo em frente ao quarto. Cá fora, o macaco cara preta não resiste a dar um ar de graça.

Dia 4
Seis da manhã, a buzina do jipe dá a hora de saída para o Kruger Park. As mantas aquecem os corpos ainda adormecidos que balançam no banco detrás do carro. Douglas, um simpático sul africano na casa dos 60 anos explica as regras. Nada de chamar , nem alimentar os animais... Já me estava a imaginar: Anda cá pequeno leão comer à mão...
Minutos depois de atravessar a ponte dos Crocodilos, um leão brinda com a sua presença os visitantes que madrugaram. Elefantes, impalas, girafas, zebras, búfalos, rinocerontes e várias espécies de aves tornam o safari mais animado, embora termine sem sucesso na busca pelo leopardo. "Sao muito difíceis de ver", argumenta o velho Douglas, ranger há oitos anos, mas conhece o parque desde criança. Regresso ao hotel, para uma sande rápida e entrar na aventura nocturna. King of the road, o leão, velho e magro, dizem os guias que é por ser preguiçoso para caçar, toma conta da estrada. Os turistas param o trânsito e não se cansam de fotografar o animal a menos de um metro de distância. O dia termina, sem completar The Big Five... O leopardo continua desaparecido. No álbum das memórias ficam os restantes quatro: leão, elefante, búfalo e rinoceronte.

quinta-feira, 1 de maio de 2008

Primeiro desculpem a falta de alguma pontuação e alguns erros ortográficos, mas não encontro o c de cedilha, por exemplo, e encontrá-lo não é neste momento a minha prioridade, como devem perceber.

Deixem-me agora tranquilizar a minha mãe, o meu pai, as minhas tias e algumas amigas grávidas (que andam muito sensíveis, certo marianecas?!): Estou viva, não fui assaltada, nem mordida por mosquitos. Sim, parei de tomar o medicamento da malária, mas pronto.

Dia 1 de Maio

Trinta minutos depois das cinco da manhã (uma hora a menos em Portugal), o despertador toca. Não me lembro da última vez que acordei a esta hora e com tão boa disposicão. Cerca de 300km depois, percorridos em mais de três horas, atravesso a fronteira da Suazilândia. Do outro lado, outra África à minha espera. Um país onde a organizacão, a arrumacão, as casas de betão espalhadas pelos bairros estratégicamente criados contrastam com a cultura daquele reinado. De referir: o rei tem sete mulheres. Não há prédio de 10 andares que se enquadre nesta realidade. Sete mulheres. Sinto África ao chegar a fronteira de Moçambique e o passaporte é carimbado à luz de velas que derretem sobre o balcão de madeira.

Piada do dia:
Na fronteira enquanto esperamos pela autorização do visto de entrada em Moçambique, um polícia aborda-nos: "Já foram detidas?" A Daniela olha para mim, eu olho para ela e o coracão bate a mil à hora. O riso nervoso atraiçoa-nos, mas ajuda-nos a esclarecer o mal entendido. "Atendidas, se já foram atendidas..." Ufa.