domingo, 19 de julho de 2009
O meu sorriso
"Não percas nunca esse sorriso", sussurrou-me. Desceu da bancada onde estava, entre a multidão, só para segredar estas palavras no meu ouvido e depois, sem mais nem menos, voltou para o seu lugar ao som de A Dustland Fairytale, dos The Killers. Palavras de um estranho que, sem aviso, me despertaram do conto de fadas que tenho estado a viver. Não sei o seu nome, a profissão, o signo, nem a idade, mas não vou esquecer aquela cara. Cabelo preto, curto, com pequenos caracóis disfarçados no gel de efeito molhado. Óculos. Olhos pequenos, escuros. Camisa branca e jeans. Vi-o aproximar-se e, confesso, pensei de imediato: "sem paciência para conversas, o que quer este gajo..." E quando menos se espera a nossa vida gira e tudo faz sentido. Ali, no Estádio do Restelo, a ouvir o magnífico Brandon Flowers com a cabeça em lado nenhum surge um desconhecido e obriga-me a olhar para a frente. Na verdade, ninguém tem o direito de roubar o sorriso a alguém, mas - mais importante - ninguém o deve, nunca, permitir. Não vale a pena julgar quem faz mal, quem erra, quem mente, quem engana. É perder tempo. Andar às voltas com acusaçõe, não vele a pena. Está nas nossas mãos protegermo-nos, já que não existe uma lei contra este crime que continua a fazer vítimas em todo o Mundo. Não existe profilaxia, nem vacinas para esta praga que faz parte da vida, mas podemos reduzir os danos colaterais com um sorriso no rosto.
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1 comentário:
Ahhh... como eu precisava de um desconhecido...
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