quinta-feira, 25 de março de 2010

Os cravas

Não sou fumadora. Nunca fui. Sou contra a lei do tabaco. Não gosto de ficar sozinha numa mesa de restaurante quando todos levantam-se para fumar. Não gosto ter de levantar-me da mesa do restaurante para não ficar sozinha quando todos vão fumar. Há apenas uma mania dos fumadores que me irrita: passarem a vida a perder o isqueiro. Depois, entram em desespero e deixam todos à volta num reboliço. Na verdade, eles não perdem o isqueiro. Há sempre um outro fumador que fica com ele... Eu não fico com os isqueiros, mesmo porque não fumo. Nunca fumei. Mas tenho outra mania que, certamente, irrita algumas pessoas: a dos elásticos do cabelo. Apetece-me sempre fazer um rabo-de-cavalo quando não tenho na carteira elástico. Aliás, eu nunca tenho elásticos. Cravo os elásticos às amigas e depois fico com eles. Nunca os devolvo. Mas também nunca os tenho à mão. Afinal, onde páram os elásticos? E os isqueiros?

sexta-feira, 12 de março de 2010

Mau feitio, eu?!

Nunca me acusaram tantas vezes de ter mau feitio como nos últimos tempos. Os mais simpáticos não chamam de mau feitio, preferem nariz empinado. Há ainda aqueles que preferem o termo refilona, do contra, enfim, há nomes para todos os gostos, mas o único objectivo é irritar-me profundamente. Ainda não percebi a razão. E não é porque tenho mau feitio... Acho que a maioria das pessoas sofre de um grave problema que é acusar os outros de mau feitio só por não partilhar das mesmas opiniões, por não alinhar nas mesmas graças, por não pensar da mesma maneira, por acreditar nas suas convicções, por não se influenciar por terceiros. Enfim.

quinta-feira, 11 de março de 2010

Sexo, droga e funaná

O post que se segue pode conter informação chocante para pessoas mais sensíveis. Não aconselhável a pais, tias, irmãos, sobrinhos, namorados, amantes e ex-maridos.

Era daquelas viagens agendadas para fugir dos problemas. Dos desgostos de amor, das ilusões, dos dramas. Dos nossos dramas. Das nossas angústias. Na mala, levávamos apenas a vontade de fazer nada. Apanhar sol. Respirar fundo. Eu queria chorar - todos sabem da dificuldade que tenho em chorar. A M queria encontrar-se. Eu, depois de chorar, queria concentrar-me nas decisões que tinha de tomar. O trabalho, os amores, os amigos, a família, o dinheiro, o carro, a casa. As extensões do cabelo, a dieta, o ginásio.

Daqui para li é teu, dali para aqui é meu
Quatro horas de voo num sono profundo. Aterramos no aeroporto da Boa Vista. Lá fora, 27.º. O vento bate no rosto como se nos despertasse. A música - Flow 212 – dá-nos as boas vindas e não resisto a dar logo um pezinho de dança. Já no hotel, após uma daquelas recepções muito pirosas em que nos querem logo puxar para dançar, trocamos as botas, as camisolas e os relógios pelas havaianas, os biquinis e as pulseiras coloridas. Os pés brancos não combinam com a areia da praia de Chaves. Ali ficamos até ao pôr-do-sol. Não é único, este pôr-do-sol, mas também especial. O primeiro e mais espectacular que vi foi de piroga, na Gorongosa, em Moçambique. Com a noite a cair, voltamos ao quarto. É tempo de estabelecer regras. Manias de ocidental. Este lado do quarto é meu. Aquele lado do balcão do lavatório é teu. Ao fim das primeiras 24 horas, os meus cremes já estavam misturados com os da M. Os tops da M já estavam na poltrona que estava do meu lado do quarto e as sandálias espalhadas pela suite. Nenhuma de nós se incomodou. Vivemos bem com a desarrumação. A senhora das limpezas é que não achava graça e ao fim do terceiro dia desistiu. Deixou de nos dobrar os calções, pendurar os vestidos que se acumulam ao fundo da cama e alinhar as sandálias. Isto, ainda antes de confrontar-se com as mortalhas, as sementes de marijuana e os copos de champanhe e de pinacoladas.


A primeira vez
As nossas lamentações. Ele fez-me isto, ele disse-me aquilo. Ele não me ligou. Ele ligou. Ele diz que gosta, depois que não gosta. Ele prometeu, ele não cumpriu. Agora quero. Agora já não quero. Já passaram 48 horas e ainda não estamos a fim de investir numas férias diferentes. Recusamos os convites para dançar ou para jogar. Só nós as duas, o sol e os nossos pensamentos. Até que, ao fim da décima nega, acabamos por fazer-lhes a vontade e ceder. Eu fui a primeira a ceder, lá está. A M defende-se com a vergonha que diz que tem e acabo eu por nos safar. Entrei na discoteca do hotel e disse: “M, se ele me convidar para dançar tenho de aceitar para não haver problemas. Ele tem cara de mau...”. A M ri-se ao vê-lo a caminhar na minha direcção. “Já não escapas”. E não escapei, lá está. Ainda sem espírito, aprendo os primeiros passos de funaná. Gostei. Senti-me bem e esqueci durante os quatro minutos de dança os meus desgostos, a minha tristeza. “Sabes, és bué linda”, segreda-me ao ouvido. Eles sabem como animar uma mulher. Dormi como um anjo.


As rotinas da M
Em férias há poucas ou nenhumas rotinas. Tirando o ritual de vestir o biquini todas as manhã, passar o protector solar repetidamente de manhã, a meio da manhã, após o almoço e à tarde. A M tinha ainda outra rotina: a do serviço despertar. Todas as noites, antes de se deitar o lado direito da cama, pegava no telefone e contactava a recepção. Era assim todas as noites: "Estou a ligar do 2406 e queria o serviço despertar para as nove e meia". E todas as noites lhe diziam que o quarto era o 2604... O telefone toca e saltamos da cama sem hesitar. A M era a primeira e acabava sempre por ser a última a estar pronta. Eu, não me levantava sem decidir o biquini que queria usar e quais as havaianas que combinavam. Depois, era cair na “roupa” e seguir para a sala dos pequenos-almoços. Com vista para a praia, sentamo-nos a comer. Primeiro, os cereais com o iogurte. Era assim todos os dias. As torradas, a fruta e as panquecas com a nutella. A M é cheia de rotinas. Tem mais uma: as aulas de step. Achou graça ao professor e não faltou a uma aula, nem as dores musculares a faziam mudar de ideias. Sacrifícios de “amor”. Eu, sentada na minha cadeira junto à piscina, lá a via aos pulinhos e às voltinhas todas as manhãs. Eu preferia aprender crioulo e a jogar urril. Vá, ainda participei nas aulas de hidro, no bingo e ainda ganhei um jogo de pólo.

A bebida do amor
E ao terceiro dia quebramos a dieta do gelo. Andávamos a champanhe a rosé. Mas apetecia algo mais tropical... Conhecemos o H, a A e a F. Os nossos novos amigos. Portugueses, simpáticos, cheios de boa disposição que nos garantem que podemos tomar gelo e fizeram eles muito bem. Muito rimos nós, todos juntos. Graças, também, à bebida do amor. As pinacoladas do Abel. O Abel é filho de cabo verdianos, nasceu em França, cresceu no Brasil e vive agora só com a mãe na Boa Vista. É dos poucos que ainda não tem filhos. Algo invulgar naquela terra, para um rapaz de 24 anos. As histórias de cada um dá um post. Há o Luigi, o nosso animador favorito. Ele é o segundo chefe dos animadores. É da Republica Dominicana, tem 30 anos e já vai no quatro casamento. Não tem filhos. O Cherry, o pinga-amor, disparou em todas as frentes. A uma diz que vai jogar para o Belenenses, a outra que vai para o V. Setúbal. É sul africano e não caiu nas nossas graças. Os especiais. Michael Jackson. Chamam-no assim porque, além de ser muito parecido com o original, ele dá show a dançar. É ele o professor de step. Deu luta à M e a M gostou. Ele também... Há ainda o Titanik. Tem 29 anos e é de Santo Antão, “a ilha mais verde de Cabo Verde”. Tem quatro filhos, nunca casou. É o rebelde lá do hotel. Ao longo da minha estadia foi chamado às chefias, várias vezes, por dar mais atenção a uma cliente... Opss... É das pessoas mais fantásticas que conheci nos últimos tempos. Boa gente. Boa onda. Sempre com um sorriso. Um apaixonado pela vida. Faz caça submarina, mergulha com os tubarões. Tem uma colecção de búzios e de estrelas do mar. Ensinou-me as primeiras palavras em crioulo, passávamos as tardes a jogar Urril. À noite, puxava-me para dançar e só largava a minha mão e desenroscava-se entre as minhas pernas quando terminava a última música. Mergulhámos juntos. Caminhámos na areia. Fez-me rir. Levou-me a conhecer a capital da Boa Vista, Sal Rei. Contou-me histórias. Um dia convidou-me para jantar. Comemos cachupa. Depois, levou-me à Bambú, a discoteca local, fora do hotel. Aqui, não dancei muito. Preferi ficar a olhar para eles. Como eles dançam... Entregam-se. E são felizes. Um dia, de manhã, chegou junto da piscina, onde eu estava com a M, com um embrulho. Um papel branco amachucado escrito à mão: “Para a T...” Antes de voltar a Lisboa, ainda me ofereceu um CD de música africana e pediu-me para voltar. “Tu vais para o Portugal e vais esquecer do Titanik”. Não esqueci e prometo voltar.

Fica ainda tanto por contar. O aniversário da F, que durou três dias. O mergulho, à noite, na praia. O soutien perdido que aparece na manhã seguinte pendurado no bar da piscina. Ninguém o foi buscar. O dia em que dormimos a tarde toda por causa do antiestaminico de tomámos, das pinacoladas que bebemos e da marijuana que fumámos. Há ainda o balanço da M para conseguir subir a rampa do quarto: esticava o peito, empinava o rabo e lá ia ela, cheia de vontade. O menino da TV Cabo. As nossas conversas no duche. Uma a tomar banho, a outra sentada no banco da casa-de-banho. Os ataques de riso. As sessões fotográficas. O passeio de 4x4 pela ilha.

Uma viagem única, no momento certo. Obrigada M.

quinta-feira, 4 de março de 2010

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

Depois dos cinco negativos de amesterdão

vou atrás dos 27 positivos.

quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

Assim não by Marcelo

Ele gosta dela? Sim. Mas, não quer namorar? Não. Mas já lhe disse que a ama? Já. Mas, não quer assumir uma relação? Não. E disse-lhe que ela é a mulher com quem mais gosta de estar? Já. Mas, não quer casar? Não.

domingo, 17 de janeiro de 2010

"Obrigada por me lembrares...

...que não sou especial", canta a maravilhosa Marion Cotillard no musical de Rob Marshall, 'Nine'